Reflexões de um centenário: uma história viva

Minha história floresce quase cem anos atrás, quando quatro fráteres de origem alemã, recém retornados da Primeira Guerra Mundial, vieram dar continuidade aos seus estudos em Teologia – iniciados na Europa. Eu ainda não tinha toda essa estrutura que tenho hoje em dia e sequer me chamava “Faculdade”.

Os tempos eram outros. Padre Léon Dehon ainda era vivo e os missionários do Sagrado Coração de Jesus haviam comprado um terreno na região onde hoje é a Vila São Geraldo, em Taubaté (SP). Naquela época, este era um espaço afastado da cidade e os poucos que aqui moravam eram pessoas simples, de poucas posses, que logo passaram a chamar o terreno comprado pelos padres de “Chácara dos Padres Alemães” ou ainda “Chácara do Padre Fischer”. Assim, uma das primeiras linhas da minha existência se desenhava.

Naquela “chácara”, ergueu-se um modesto sobrado que, com o passar dos anos, se expandiu e se transformou, de fato, em um convento. Passaram então a chamá-lo de “Conventinho”, em contraponto ao “Conventão”, o Santa Clara, que já fazia parte do cotidiano da cidade.

Quando nasci, em 1924, ganhei o nome de Instituto Teológico do Sagrado Coração de Jesus – ITSCJ. Muita coisa boa aconteceu comigo nos anos seguintes. Cresci e vi meu edifício se expandir, enquanto a excelência do ensino que oferecia se destacava de tal maneira que outras congregações e dioceses passaram a enviar seus seminaristas para aqui aprender a teologia. Para que eu pudesse alcançar independência, um pavilhão anexo ao “Conventinho” fora destinado ao funcionamento do instituto.

No início dos anos 2000, uma nova etapa da minha vida foi iniciada: eu ganhava definitivamente o título de faculdade e, nos anos seguintes, trilhei diversos caminhos para obter a certificação dos meus cursos junto ao Ministério da Educação – no plural, pois além da Teologia, passei a oferecer formação também em Filosofia.

Hoje, além das graduações, também conto com vários cursos de pós-graduação e de extensão, que ofertam conhecimento e formação com base nos valores dehonianos não somente aos futuros sacerdotes da Igreja Católica, mas à sociedade como um todo. Milhares de alunos já passaram pelas minhas salas de aula.

À beira de completar um centenário de história, dirijo meu olhar sempre ao futuro, mas jamais me esqueço de evocar meu passado, uma história viva, construída pelas mãos de muitas pessoas. É assim que sigo, auxiliando na construção de uma sociedade mais justa, assim como está registrado na placa que se inaugura hoje para me homenagear: “na certeza de que, em tempos novos, devemos agir criativamente com obras novas”.

Faculdade Dehoniana